Industriais e políticos da região Sul do Brasil entregaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, documento pedindo a isonomia para o reajuste do preço do gás natural divulgado pela Petrobrás. O documento, encaminhado nesta quinta-feira (25) pelos integrantes do Fórum Industrial-Parlamentar Sul, questiona a decisão da estatal de aumentar em 33% o valor do gás natural nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, contra 16,5% para os demais estados brasileiros.
Segundo o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, em função do alto custo, há possibilidade de empresas paranaenses serem obrigadas a buscar outras matrizes energéticas. Somente no setor cerâmico, um dos mais atingidos, o gás natural representa 10% do custo total da produção. “Esta situação pode ter reflexos na rentabilidade das indústrias e nos empregos”, alerta Rocha Loures.
Estudos dos integrantes do Fórum indicam que a região Sul pode reduzir em 36% o volume de consumo do gás natural em função da pressão provocada pelo reajuste. Os três estados têm atualmente 53 municípios atendidos pelo combustível. São mais de 250 indústrias usuárias, o que representa 11% do total consumido no país.
Os três estados do Sul dependem 100% do produto boliviano e, segundo estimativas da indústria, com o crescente aumento do consumo de gás natural no Brasil, o déficit do produto no país deve chegar a 31,3 milhões de metros cúbicos por dia em 2007. O quadro se agrava com a lei dos hidrocarbonetos do governo boliviano, que aumentou a tributação do gás natural vindo daquele país de 18% para 50%.
Soluções – Para fazer frente à situação, o Fórum Industrial-Parlamentar sugere a construção de dois gasodutos internacionais, a exploração de reservas na Baía de Santos e a implantação de terminais marítimos no Sul para recebimento de gás natural. “Estas são algumas das alternativas para fazer frente à crise no setor de gás natural”, afirma o presidente da Fiep.
Além de mandar documento ao presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff, o presidente da Fiep encaminhou uma carta ao presidente da Compagás, Luiz Carlos Meinert, questionando o alto custo do gás natural comercializado dentro do Estado. A Federação considera que a formação dos preços praticados pela estatal coloca o setor industrial do paranaense em desvantagem em relação aos seus concorrentes de outros estados.